Presidente
do UFC, Dana White recebeu a imprensa brasileira em Las Vegas, após os
treinos abertos do UFC 146, e abriu o jogo sobre os planos da
organização para o futuro. No bate-papo sem censura, que você confere
abaixo, o mandachuva falou sobre a possibilidade de Anderson Silva se
tornar um dos treinadores do TUF, as próximas lutas do UFC, a conversa
que teve com Jon Jones sobre sua prisão por dirigir alcoolizado e, entre
outros assuntos, a possibilidade de o Brasil sediar 10 edições do UFC
em 2013. Confira:
Sobre o TUF Brasil:
O
Brasil é uma mina de ouro de talentos e vem sendo assim desde o começo
do MMA. Espero que a gente melhore a cada temporada, seja no Brasil, na
Inglaterra ou mesmo nos Estados Unidos. Temos vários planos para o
Brasil.
Sobre as edições do UFC no Brasil:
Estamos
planejando o que vamos fazer até 2017. Nós temos grandes planos para
lá. Vamos criar uma grande estrutura e vamos levar a sério. Nós apenas
começamos e olha como isso cresceu rápido. Está na hora de levarmos a
sério o UFC no Brasil.
Sobre Belfort x Wanderlei:
Obviamente
é uma luta que os fãs querem ver há muito tempo. Dois dos melhores
caras na categoria 93kg de todos os tempos. É uma grande rivalidade e
vamos ver o desfecho. As pessoas no Brasil ficavam divididas entre o
Wanderlei ou o Vitor serem treinadores melhores. Eles gostam mais de um
do que do outro.
Sobre lutas entre amigos:
A
gente tem isso em camps aqui, quando amigos ficam no mesmo camp, mas,
pelo que eu vejo, é bobagem. A gente tem um cara como o Greg Jackson.
Ele é um cara legal, tem um time bom e tudo mais, mas, no fim do dia,
ele é um homem de negócios. Ele tem uns caras como o Rashad Evans e o
Jon Jones na mesma categoria. Se ele puder manter esses caras sem lutar e
manter vários caras na mesma categoria, ele faz muito dinheiro, mas não
funciona assim nesse negócio e em nenhum outro negócio de luta. Amigos
lutam entre si. O Jon Jones e o Rashad Evans treinaram juntos, mas será
que eles realmente são amigos? Eles querem ser campeões. Se vocês são os
dois melhores do mundo, eu quero que vocês lutem. É como dizer que dois
times de futebol não vão se enfrentar porque são amigos. Não faz
sentido. Eu sei que é uma coisa cultural no Brasil, mas é besteira. Eu
tenho que concordar com o Vitor.
Você
sabe quem é o Rory McDonald? Ele é o próximo GSP. Sabe quem o treina? O
GSP. Ele disse que nunca lutaria com o GSP. Mas eu disse: “se você
visse a sua conta bancária, você lutaria (risos). Você cairia na porrada
com ele”. Você treina com os melhores do mundo para que um dia você
seja um. Sabe o Larry Holmes, o boxeador? Ele era companheiro de treino
do Muhammad Ali. Ele acabou batendo no Muhammad Ali. Ele tinha que fazer
isso.
E,
se ele não quiser, o que você vai fazer? Você vai ser o número dois,
três do mundo enquanto o seu amigo ganha dinheiro e ganha tudo que vem
com o título? Você está no negócio errado. Esse não é o negócio de
amigos, isso é o negócio da luta. Se você é bom assim e você gosta de
alguém na sua categoria, provavelmente você vai ter que lutar com ele,
mas não significa que você o odeie, desgoste dele ou não possa ser
amigo. Vocês vão competir para ver quem é o melhor do mundo. Se você é,
vão lutar e continuarão sendo amigos.
Sobre Cigano x Mir:
O
Mir vem de uma sequência de vitórias e é o outro cara que merece a
chance pelo cinturão, além do Alistair (Overeem). Mas sim, seria bom ter
uma revanche. Existe uma história entre esses caras, mas ele bateu o
Nogueira duas vezes e ele é o próximo na linha pelo cinturão. Todo mundo
dessa sala acha que o Junior dos Santos vai passar o carro no Mir, mas,
quando você pensa direito, o Mir está no UFC há 11 anos. Ele nunca foi
cortado ou foi lutar em outras organizações e depois voltou. O Frank Mir
foi duas vezes campeão dos pesos pesados. Toda vez que alguém o tira de
lá, ele vai e vence de novo. É uma daquelas lutas interessantes porque
nunca vimos o Junior dos Santos no chão. Toda vez que ele vai para o
chão, ele se levanta imediatamente e nocauteia as pessoas. É uma
daquelas lutas interessantes que nunca se sabe. O Nogueira achou que ia
nocautear na última luta, mas acabou indo para o chão e perdeu por
finalização. Uma coisa que é fato para o Mir é que se você for para o
chão com ele, ele vai agarrar alguma coisa e ele realmente faz isso. Vai
ser interessante. Sabe aquela história da criança que queria vir para a
América? Agora ele vai vir.
Sobre Anderson x Sonnen:
Eu
espero recorde de pay-per-view para Anderson e Chael. Vai ser uma luta
monstruosa, mas espero que essa (Cigano x Mir) também bata recordes.
Sobre o UFC no México:
A
gente está trabalhando no México há muito tempo. Quando a gente começou
isso, achei que o evento seria sucesso nos Estados Unidos, México e
Inglaterra, porque são países de tradição na luta por causa do Boxe.
Estamos trabalhando nisso. O México é mais difícil de entrar do que
imaginávamos. Queremos fazer na Cidade do México, mas caiu no último
minuto. Estamos trabalhando na América Latina toda, incluindo no México.
Obviamente, estamos focando no Brasil.
Sobre o UFC em um estádio de futebol:
Sabemos
o que a América do Sul está fazendo e o que ela é capaz de fazer, então
é uma questão de executar e fazer o que tivermos que fazer. Temos que
criar um escritório lá, da mesma forma que aconteceu com o Canadá. Se
você olhar o que aconteceu com o Canadá e olhar o que vem acontecendo
com o Brasil, vamos replicar na América do Sul da maneira que fizemos no
Canadá. O legal é que nos países existe rivalidade e é perfeito para a
luta. No Canadá fizemos o nosso primeiro evento em um estádio e fizemos
isso com um grande evento. O modelo canadense é o que está acontecendo
no Brasil e, com o evento certo, podemos lotar um estádio de futebol. A
gente tinha, íamos fazer, mas não funcionou. Tem que ser a luta certa.
Sobre Anderson x GSP:
Isso seria enorme no Brasil ou no Canadá, em qualquer lugar. Você nunca sabe.
Sobre outro UFC Brasil esse ano:
Eu não vou dizer que não. Não sei. Tem que ser a luta certa.
Sobre os planos do UFC no Brasil em 2012:
Até dez.
Sobre a luta do Fábio Maldonado:
É
uma daquelas coisas que você tem que fazer quando você sabe que os
juízes são ruins. Você não pode deixar para eles. Você tem que fazer
tudo que puder para ganhar a luta.
Sobre o futuro do MMA:
A
gente planeja as coisas em blocos de cinco anos. A gente tem planos
para tudo que fazemos. Estamos trabalhando hoje na América do Sul,
principalmente no Brasil. Olhamos para os mercados que são os mais
importantes para nós ou tem mais potencial. Afora o Brasil, o maior é a
Ásia, no qual estamos trabalhando duro agora. Todo mundo está aqui para
essas reuniões e vamos país por país vendo o que faz sentido, o que
precisa ser feito, como você faz e é nisso que estamos trabalhando.
Sobre uma edição do TUF ao vivo no Brasil:
Sim,
é possível. Temos que ver como as coisas andam lá. Fizemos 15
temporadas do TUF aqui e há muita coisa acontecendo aqui agora. Estou
tentando consertar aqui agora. O Brasil está indo otimamente bem.
Sobre Glover Teixeira e Diego Brandão:
Estou
animado pelo Diego, obviamente. Ele pode virar uma estrela. Ele é
explosivo. O Barboza também. Acabei de tuitar um vídeo de seu último
nocaute. Como eu disse, vai ter toneladas de caras talentosos vindo do
Brasil. Quem sabe? É tão louco que você pode ter um brasileiro como
campeão de cada categoria, ou pelo menos um cara que é o candidato
número um. Há tanto talento saindo de lá.
Sobre Anderson Silva de treinador do TUF:
Vocês gostam de drama, não é? Ele é a maior estrela brasileira no UFC.
Sobre Jon Jones:
A
gente encontrou com ele ontem há noite. O Jon Jones tem 24 anos, uma
tonelada de dinheiro, é incrivelmente famoso e aconteceu tudo muito
rápido. Ele cometeu erros. Ele teve muita sorte que ninguém saiu ferido
nessa. Mas, de novo, é uma daquelas situação que ele vai ter que
aprender com isso. A partir de agora, ele vai descobrir do que isso se
trata e o que acontece. Se as pessoas realmente acreditassem que você
consegue controlar 400 caras que vivem ao redor do mundo... Juro que as
expectativas de vocês são muito altas (risos). Para nós, controlar 400
lutadores que moram espalhados do mundo... Fazemos o melhor que podemos
e, no final do dia, você tem que lembrar que está lidando com seres
humanos também. Você está lidando com um garoto de 24 anos que comete
erros. Vamos ser sinceros: todo mundo sabe que não deve beber e dirigir.
É a coisa mais burra do mundo que você pode fazer. Leva dois segundos
para entrar num taxi, ligar para alguém ou dormir no sofá. Eu não me
importo com o que você faça, mas não entre no seu carro bêbado e dirija.
Não faça isso. Mas, quantas pessoas não entraram no carro e dirigiram
bêbadas para casa quando eram mais novas? Talvez, se você falar com cem
pessoas, duas pessoas nunca fizeram porque não bebem ou algo assim. Todo
mundo já cometeu esse erro e no dia seguinte você agradece a Deus por
nada ter acontecido. Bom, o Jon Jones chegou perto de alguma coisa
acontecer, alguma coisa muito ruim. Na conversa que eu tive com ele
ontem, eu vi que ele sabe o que fez, está apavorado por isso. Eu tenho
que manter esses caras na academia treinando (risos). Eu vou fazer mais
eventos ano que vem para mantê-los ocupados (risos).
Todo
dia eu acordo e alguém fez alguma idiotice. Eu não quero parecer
insensível, mas quando o seu produto é um ser humano, você terá vários
problemas. Pensa no seu dia a dia. É o jeito que acontece. Você os
coloca em pedestais, mas eles são que nem nós. Eles têm problemas,
contas para pagar, briga com namoradas, não importa. Eles têm problemas
também. A gente lida com todos esses caras e todas essas situações e
adivinha: vocês veem o que é público e é isso. Vocês não sabem de nada.
Vocês só veem o que está solto por aí. O Jon Jones bateu com o carro na
árvore, mas tem muita coisa que vocês não ouvem e nós temos que lidar
todo dia. Todo mundo tem problemas. Imagina ter 400 pessoas e lidar com
todos os seus problemas, além de seus egos. Você tem os problemas e os
egos e tudo mais que vem com isso. É um negócio difícil e não é todo
mundo que aguentaria se envolver no esporte e manter tudo junto. Todo
cara acha vale 300 milhões de dólares, todos acham que são o melhor e
que devem ser postos para lutar antes, todos acham que devem ser o
próximo a ganhar uma chance pelo título. Há uma lista muito longa que a
gente tenta coordenar para 400 atletas e fazer shows no mundo inteiro.
Sobre o que realmente acontece por trás dos panos no UFC:
Isso
é totalmente verdade. Se isso acontece no futebol, que é o maior
esporte do mundo, aqui vocês sabem de 1% (risos). Vocês me veem sempre e
sabem que eu amo isso e que eu não queria fazer nada além disso, mas
quando as pessoas me veem, elas falam que eu tenho o emprego dos sonhos
(risos). Calma, cara. É um trabalho. Não é tão glamoroso quanto parece.
Sobre o potencial do Brasil no MMA:
O
Brasil é uma mina de ouro de talentos. A chave para o esporte é ter
muito talento. Quando você fala de marketing, o Brasil é grande, a
economia está indo bem, todos os grandes eventos esportivo estão indo
para lá e você tem uma mina de ouro de talento. Os melhores caras do
mundo são de lá. Não os melhores em suas categorias, mas peso por peso,
são os melhores do mundo. Há uma lista extensa vindo de lá.
Sobre a falta de estrutura das academias no Brasil:
O
quanto mais rápido crescer a popularidade do esporte no Brasil, mais
fácil vai ficar. Olha quantos caras deixaram o Brasil nos últimos 20
anos para viajar para outros lugares no mundo para ensinar Jiu-Jitsu,
abrir escolas e fazer todas essas coisas. O lugar onde isso tudo começou
do Brazilian Jiu-Jitsu e do MMA é lá e agora estão todos voltando para o
Brasil. Você vai começar a ver essas academias, sejam elas para treinar
lutadores, pessoas como vocês que querem ficar em forma e se sentir bem
ou até academias para manter as crianças fora das ruas. Você vai ver
isso em todo lugar nos próximos cinco anos. Vai ser uma loucura.
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