sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
A despedida do Mestre Hélio Gracie
Sem homenagens, sem lágrimas, sem discursos. O último momento de Hélio Gracie foi respeitado por seus filhos e esposa, em seu enterro na tarde de ontem no cemitério de Petrópolis, menos de 10 horas depois de a lenda ser declarado morto pelos médicos do Hospital em que estava internado. “Ele estava doente nos últimos dez dias. Ele pegou uma pneumonia. Mesmo sendo tão saudável, ele tinha 95 anos e acabou não resistindo”, disse Royler Gracie, por telefone, dos Estados Unidos.
Infelizmente, Royler e Rorion (nos Estados Unidos), Rickson e Robin (na Europa) não tiveram tempo de chegar ao Brasil e participar do funeral, como queriam. Assim como milhares de fãs de Jiu-Jitsu e MMA esperavam para fazer uma última homenagem a Hélio Gracie caso ele fosse enterrado na sexta (hoje), no Rio de Janeiro, mas o último desejo do líder da dinastia Gracie foi respeitado por sua mulher. Assim como o Mestre queria, o funeral aconteceu com uma cerimônia simples, assistida, no máximo, por 70 parentes, amigos próximos e alunos da Academia Gracie, liderados por seus filhos Royce e Rolker Gracie, que andaram cerca de 1km da capela até o túmulo, onde Hélio foi enterrado.
Enquanto o caixão descia, Royce pediu uma salva de palmas para seu pai e colocou uma faixa-preta em cima do caixão. Após o funeral, Royce explicou que sua mãe ligara na última segunda-feira (26) dizendo que Hélio estava muito fraco, no hospital. “Ela pensou que ele não duraria muito e me disse para vir ao Rio. Eu imediatamente comprei as passagens e vim. Ele estava me esperando chegar. Esta manhã, ele morreu”, comentou o faixa-preta, que começou a fazer a história rodar o mundo após 13 impressionantes vitórias nas primeiras edições do UFC.
Logo após o funeral, Royce, Rolker e Dona Vera, esposa de Hélio, foram a Itaipava, a 20 minutos de Petrópolis, descansar no pequeno sítio onde Hélio morava. Entre as pessoas que estavam no funeral, havia muitos estudantes da Academia Gracie, que viviam dos ensinamentos de Hélio. “Se hoje eu vivo do Jiu-Jitsu nos Estados Unidos é porque aprendi com os Gracies. Graças a este homem, existem milhares de professores ao redor do mundo ensinando Jiu-Jitsu e outros milhares de lutadores vivendo do MMA. Sem Hélio Gracie, Rorion não conseguiria levar o Vale-Tudo para os EUA e o mundo do MMA não existiria, dando emprego a muitos lutadores, promotores e empresários, e diversão a milhões de fãs ao redor do mundo”, disse Mário Aielo, representando seu mestre, Rickson Gracie, no funeral.
A morte de Hélio Gracie foi motivo de reportagem em todos os jornais e telejornais ao redor do país. Mesmo o Jiu-Jitsu e MMA ainda não tendo uma boa imagem na imprensa brasileira, o nome Hélio Gracie está acima do esporte que criou. Mestre Hélio sempre foi tratado como uma lenda vida, um guerreiro que criou um estilo de arte marcial e produziu o melhor lutador de todos os tempo da dinastia. Mas, para os fãs da luta no Brasil, Hélio é muito mais que isso. Por tudo que fez nos 95 anos totalmente dedicados ao Jiu-Jitsu e Vale-Tudo, não é exagero dizer que, junto com seu irmão Carlos, Hélio está entre os mais importantes personagens da História da Arte Marcial.
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